DEUS É INÚTIL
Schopenhauer, autor filosofo dito pessimista diz que a vida
tem alguns problemas e dois deles são o divertimento e o enfado. Divertimento
seria o fato de querer o que não se tem, conseguir o que se desejava e não
querer mais o que se desejou, buscando assim outra coisa para se desejar. Ou seja,
é uma coisa trifásica, para ilustração poderíamos dizer que basicamente seria
como desejar ter sede, desejando beber água; não tendo mais cede, desejando
agora urinar; desejando ir ao banheiro, e assim sucessivamente. A lógica do
divertimento, portanto, é a lógica do vazio infinito, da busca constante por
algo que possa encher de forma substancial o saco sem fundo, ou seja,
invariavelmente estará faltando coisas e você, invariavelmente, estará buscando
aquilo que te faz falta.
A segunda coisa seria o enfado ou tédio, esse é
caracterizado por uma gama de utilidades e com certeza você já ouviu muito essa
palavra, ÚTIL. O útil sempre é entendido como algo bom e o inútil como algo
ruim. No entanto perceba que quando algo é útil o seu valor está fora de si,
sendo assim o colírio é útil porque limpa os olhos, a comida é útil porque
sacia a fome, e assim em diante, tudo que é útil tem seu valor fora. Então
perceba que toda utilidade faz com que o valor das coisas esteja fora delas.
Portanto, quando afirmo que “Deus é Inútil”, quero na
verdade dizer que o valor dEle está nEle mesmo. Deus é perfeitamente inútil
pois a sua valoração não sai de si nem se explica em coisa, diversa, alguma,
pois Ele vale por Ele mesmo e quanto mais de Deus acharmos em nossa vida, -
tendo o seu valor em si mesma sendo assim inúteis - a chance de vivermos melhor
é colossalmente exorbitante.