QUAL A RELIGIÃO VERDADEIRA?





Felipe Cruz

Numa sociedade pós-moderna como a nossa, é quase impensável falarmos acerca de uma religião correta, muito menos de uma religião verdadeira. Somos eternos escravos do pluralismo e ainda “ai de nós” se nos manifestarmos contra a certeza de que não há certezas. Nossa tarefa deve ser a de sempre repetir o mantra de que é impossível escolher o caminho correto e tudo mais irá bem.

Felizmente, tal teatro social não é possível ao cristão. Somos chamados, não somente a professarmos a nossa religião, mas também a proclama-la como a única e verdadeira religião. E é preciso deixar claro que quando eu digo que o cristianismo é a única religião verdadeira, eu não estou pressupondo, em contrapartida, que existam religiões falsas. Minha afirmação é de que o cristianismo é simplesmente a única religião real, e de que as outras são simples variáveis, maiores ou menores, de misticismo e superstição que agem de forma parasitária a toda a verdade de Deus revelada ao homem na criação. De igual modo, também não estou dizendo que não possam existir sombras de verdade nas demais cosmovisões opositoras ao cristianismo, uma vez que o homem caído busca sempre relacionar-se com a revelação e dessa maneira desenvolve modelos deturpados acerca da verdade de Deus. Assim, quando alguma cosmovisão afirma, por exemplo, que “há um Deus”, essa informação não é completamente errada, mas certamente é uma corrupção da compreensão do Deus Triuno criador dos céus e da terra.

Um não cristão certamente irá considerar nossos pressupostos aqui, altos demais, porque não estamos só afirmando que existe uma única e exclusiva religião verdadeira, afirmamos que está religião é o cristianismo e que todas as demais expressões de religiosidade são sempre parasitárias à revelação do Deus bíblico. Mas essa exclusividade é, na verdade, fundamento essencial da fé cristã. Pois ela, por origem e essência, tem a missão de conhecer e anunciar o Deus verdadeira o único salvador, visto como disse Pedro em Atos 4:12 “não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”.
 
A pergunta é: Esses pressupostos cristãos, são mesmo defensáveis?
Deixe-me lhes apresentar um caminho tríplice pelos quais poderemos alicerçar esses pressupostos.

Em primeiro lugar, o cristianismo é verdade histórica. Ele é a vitória da verdade sobre o mito. É a manifestação religiosa diretamente na história, com seus agentes denominados e identificados na forma de testemunhas vivas que anunciam os ensinos de Deus. São homens que morrem pelos seus testemunhos, convictos que viram aquilo que testificam e que têm a plena certeza daquilo que pregam, pois ninguém morre em perseguição por uma mentira ou por uma invenção. É encarnação do próprio Deus em forma de homem, com data, local, começo, meio e fim. O cristianismo não se esconde por trás de omissões, não remete a fatos mitológicos, a religião cristã se baseia na história, de tal modo que o apóstolo Paulo em 1 Coríntios 15:6 confirma a ressurreição de Cristo dizendo que mais de 500 (quinhentas) pessoas o viram ressurreto. A verdade do cristianismo era e é, visível e evidente ao testemunho humano. Ainda em quanto verdade histórica é importante notar que o cristianismo também não trouxe uma mensagem sócio revolucionaria. Jesus não era um guerreiro em luta por uma libertação política, como Barrabas, por exemplo. O que Cristo trouxe foi algo totalmente distinto, foi o encontro com o Senhor de todos os senhores, foi o encontro com o Deus vivo, e deste modo um encontro com uma esperança verdadeira que transforma o homem dentro e fora da história.

Em segundo lugar, o cristianismo é verdade intelectual. O cristianismo é o esvaziamento do mistério e ele apresenta todas as suas doutrinas a todos os homens indistintamente. Não há “gnose” inalcançável, não há elevação de somente alguns pouco ao conhecimento arcano secreto. O cristianismo é a conciliação verdadeira entre razão e fé, revelando assim que todas as demais fórmulas religiosas nem sequer são religiões de fato, mas somente expressões supersticiosas daquilo que demandam por algo que nem mesmo conseguem atingir. Por toda a bíblia o que percebemos é uma unidade profunda e indivisível entre o conhecimento da razão e da fé. O mundo e o que nele acontece, assim como a história e as vicissitudes humanas, são realidades observadas, analisadas e julgadas com os meios próprios da razão; não de uma razão autônoma, mas de uma razão santificada e redimida pelo agir de Deus, de forma que não é possível conhecer profundamente o mundo e o que nele há, sem ao mesmo tempo, professar a fé no Deus único e verdadeiro. No cristianismo razão e fé não podem ser separadas, de forma que fazê-lo ocasiona ao homem a perda da possibilidade de conhecer de modo adequado, a si mesmo, o mundo e até mesmo a Deus. Assim, não há motivo para concorrência entre razão e fé, uma implica na outra. De modo que foi justamente a fé cristão que influenciou o conhecimento científico, por informar aos homens que o intelecto humano era e é adequado a conhecer a criação divina, uma vez que somos feitos à sua imagem e semelhança. Assim, já aponta o livro de provérbios quando diz que a glória de Deus é encobrir as coisas, mas a glória dos reis é investiga-las. (Provérbios 25:2).

Em terceiro lugar e último lugar, o cristianismo é verdade espiritual. Ao mesmo tempo em que o cristianismo afirma que as demais religiões nem, sequer, o são, ele também realiza o cumprimento do desejo religioso da natureza humana, de modo que, mesmo aqueles que adoravam a qualquer outro “deus”, percebem que não possuíam nenhum deus e nem esperança, como afirma Paulo, categoricamente, em Efésios 2:12. No cristianismo o futuro é certo como realidade positiva, de modo que o anuncio da mensagem da cruz não é apenas uma comunicação informativa, mas sim o transportar de uma mensagem que modifica todo aquele que é regenerado através dela, E aqueles que estavam sem esperança entendem o que significa ter esperança. A fé cristã, portanto, não é somente uma inclinação ou um desejo pessoal para uma realidade escatológica que há de vir, mas que está, ainda, totalmente ausente. Pelo contrário ela nos dá, agora, algo de uma realidade esperada, a relação com Deus Pai através do Espírito Santo, mediante a revelação do seu Filho Jesus Cristo – Deus manifestado entre os homens.
 
A conclusão desses três tópicos, é que no cristianismo o vínculo da religião com a metafísica e o vínculo da religião com a história se harmonizam, a partir de então a metafísica e a história, elas mesmas, passam a construir a apologia do cristianismo como a religião verdadeira. Com o cristianismo a razão e a fé se encontram em harmonia e esse encontro construiu o ocidente, renovou a cultura e transformou os povos. Só no seio do cristianismo, quando fé e razão se encontram, é que pode-se buscar com seriedade uma resposta às perguntas últimas como: quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Qual nosso propósito?

Ao final desses argumentos você pode até não concordar comigo, mas você precisa, necessariamente, fazer uma pergunta sincera a si mesmo: e se isso tudo for verdade? Minha resposta seria, e é, a mesma de Paulo, como já citei à pouco: vá e pergunte àqueles que testemunham o Deus vivo.

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