CALVINISMO E ARMINIANISMO
Durante o século XVII se firmou a doutrina reformada, calvinista. Dois documentos surgiram como mais fiel expressão do Calvinismo: A Assembleia de WESTMINSTER (1643-1649), e o Sínodo de DORT (1618-1619). Veja que este Sínodo de DORT (Dordrecht) se reuniu antes da assembleia de Westminster. Com que propósito?
Bem, até mais ou menos 1610, as igrejas da Holanda e outras igrejas da Europa aceitaram o que subscrevia a Confissão de Fé Belga e de Heidelgerg, ambas baseadas nos ensinos da Reforma Protestante.
No ano de 1609 morreu um homem chamado Jacobus Arminius, nascido em Oudewater, Holanda. Era pastor e distinto professor da Universidade de Leiden, em Amsterdã. Sua formação teológica era profundamente Calvinista, visto que estudou em Genebra sob a orientação de Teodoro Beza, que foi o sucessor de Calvino naquela cidade. Quando voltou de Genebra para Amsterdã, assumiu o púlpito de uma igreja reformada e logo sua fama se espalhou, pois era um estudioso da Bíblia e da Teologia. Sendo assim, foi convidado pelos dirigentes da Igreja de Amsterdã para refutar as opiniões inovadoras de um teólogo chamado Dirck Koornhert, que atacava algumas das doutrinas calvinistas especialmente a questão da predestinação.
Armínio começou a estudar as posições teológicas de Koonhert e chegou à conclusão de que ele estava certo. Dessa forma o “tiro saiu pela culatra”. Como Armínio era professor de renome, suas opiniões foram publicadas e difundidas. O ponto principal do pensamento Arminiano, contrário ao Calvinismo, era com relação à ELEIÇÃO. Segundo ele, Deus predestinou os eleitos porque sabia de antemão que eles teriam fé em Jesus Cristo e não que os elegera para que pudessem ter fé. No restante da doutrina, era Calvinista (Batismo, Santa Ceia, entre outros sacramentos/ordenanças).
Ele Morreu em 1609, mas os conflitos por causa das suas posições teológicas continuaram. No ano seguinte à sua morte, 1610, os arminianos redigiram um documento - REMONSTRANTIA (demonstração) - que incluía cinco artigos que tratavam das principais questões em disputa. Resumidamente são estes cinco pontos:
1. Capacidade humana - Livre arbítrio. Ensinava que o homem, mesmo caído, era capaz de exercer fé em Deus e receber o Evangelho, tomando assim, posse da salvação para si mesmo. Não eram, portanto, totalmente caídos e incapazes de escolher o bem espiritual.
2. Eleição Condicional - Deus sabia quem haveria de crer e por isso os elegeu. Ou seja, uma eleição condicionada a fé que o homem teria como fruto do seu arbítrio. Condicionada a sua capacidade de ter fé.
3. Expiação Geral ou Universal - Cristo morreu para salvar todos os homens, ou seja, potencialmente morreu por todos, mas sob a condição de crerem. Assim, só alguns seriam salvos. Então esta expiação é só para os que creem. Para os que têm capacidade de crer.
4. A obra do Espírito Santo na regeneração é limitada pela vontade humana. Assim, quando o Espírito Santo fala ao coração humano para trazê-lo a Cristo, este homem pode resistir e frustrar os propósitos do Espírito Santo.
5. Cair da graça - Perder a Salvação. Veja que esta é uma dedução lógica de todo o sistema apresentado. Se o homem é que toma a iniciativa de aceitar ou rejeitar a salvação, então tem que assumir a responsabilidade de ficar fiel e perseverar até o fim. Depende dele. Portanto, por falta, descuido e falta de fé e perseverança, pode perder a salvação. O regenerado poderia serdes regenerado.
Ora, por causa desses ensinos estranhos e inovadores foi que os Estados Gerais dos Países Baixos (Holanda) convocaram uma grande Assembleia Eclesiástica - O Sínodo de Dort (1618-1619). Era composto de trinta e cinco pastores e um grupo de presbíteros das igrejas holandesas, cinco catedráticos de teologia dos Países Baixos, dezoito deputados dos Estados Gerais e vinte e sete delegados estrangeiros. Foram 154 sessões. As primeiras trataram de problemas administrativos. Decretaram que se produziria uma nova Bíblia em Holandês. Mas o propósito principal era combater o arminianismo com seus cinco pontos estranhos à Palavra de Deus. O resultado foram os chamados cinco pontos do Calvinismo que reafirmaram a posição sustentada pela Reforma e formulada pelo teólogo francês João Calvino. O teólogo puritano Richard Baxter assim se expressou a respeito da Assembleia de Westminster e deste Sínodo de Dort: “Segundo informações de toda história a esse respeito e de outras fontes de evidência, o mundo cristão nunca teve, desde os dias apostólicos um Sínodo de teólogos mais excelentes do que este e o Sínodo de Dort”.
Às vezes esses pontos são colocados em forma de Acróstico baseado na palavra TULIP, ou seja:
T= Total depravação;
U= Uma eleição incondicional;
L= Limitada expiação;
I= Irresistível graça;
P= Perseverança dos santos.
São pontos dependentes um do outro. São opostos aos pontos arminianos. A queda do homem no Edem foi total e não pode por isso salvar-se a si mesmo. Se não pode salvar-se, então Deus é que tem de salvá-lo. Se é Deus que Salva, Ele tem de ser livre para salvar a quem quer. Se foi Ele que determinou quem seria salvo, Cristo então morreu na cruz fazendo expiação só por estes (os eleitos). Se Cristo morreu por eles, então o Espírito Santo os chamará irresistivelmente para a salvação. Ora, se a salvação é um ato de Deus desde o princípio, então o fim será de Deus, e os crentes perseverarão até o fim.
O sistema Calvinista adere a um nível muito elevado do entendimento da escritura e procura derivar suas formulações teológicas baseadas unicamente na palavra de Deus. Centra-se na soberania de Deus, declarando que Deus é capaz e disposta em virtude de sua onisciência, onipresença e onipotência, para fazer o que Ele deseja com a Sua criação.
Deixando claro que estas cinco categorias não compreendem o calvinismo em sua totalidade. Eles simplesmente representam alguns dos seus principais pontos.