MORNO
Por: Gabriel Miranda de Souza
Leia: Apocalipse 3:16
Infelizmente, ainda hoje, em nossa cristandade existem pessoas que se encontram em um estado morno. Sabemos que pessoas mornas sempre existiram na igreja, mas esse problema é sério e tem que ser resolvido. No texto em Apocalipse nos revela que no reino só existem duas opções: ou se é quente ou frio, morno não da. Ou é de Deus ou do capeta, metade de um e metade do outro não há possibilidade.
Com isso quero apresentar-vos algumas características de um crente morno, mas antes de tudo, a bíblia nos instrui a examinarmos a nós mesmos, então queria que fizesse essas perguntas a si mesmo e também que as respondesse a si mesmo: sou uma pessoa que, realmente, ama Jesus, ou essa palavra me soa muito forte? Será que “parcialmente” – um amor parcial – descreveria melhor minha relação com o criador? Sua vida espiritual anda quente ou fria, ou nenhum dos dois, anda morna? Veja então as características abaixo e veja se você se encaixa em alguma delas.
Pessoas mornas frequentam os cultos com regularidade, mas só como ouvintes não como adoradores e praticantes da palavra. Acham que só o fato de irem para a igreja já é suficientemente bom, pois “bons cristãos” se comportam assim. (Isaías 29:13).
Os mornos doam dinheiro para instituições de caridade e até entregam suas ofertas na igreja, mas desde que isso não afete nada em seu padrão de vida. Quando se dispõem de algo é porque esse algo já é a sobra, pois é mais fácil e seguro assim, afinal de contas Deus ama quem dá com alegria, não é? (1 Crônicas 21:24; Lucas 21:14).
Crentes mornos tendem a escolher o que é popular e deixa de lado o que é correto quando se deparam com algum conflito. São pragmáticos e se preocupam com o que os outros pensam e somente por isso, as vezes, agem com uma certa bondade, doando, ofertando, falando, etc. (Lucas 6:26; Apocalipse 3:1; Mateus 23:5-7).
Pessoas mornas não desejam, de fato, serem salvas dos seus pecados, elas só querem ser salvas do castigo que esses pecados geram. Essas pessoas não odeiam o pecado, de verdade, nem lamentam pelo que fizeram, a sua preocupação é tão somente com a punição dada por Deus, a elas. (João 10:10; Romanos 6:1-2).
A pessoa morna são bons espectadores. Essas pessoas são movidas por histórias de gente que vivem radicalmente para Cristo, mas elas mesmas não vivem isso. Acham que esse tipo de coisa é só para quem é radical, não para a média das pessoas. (Tiago 1:22; 4:17; Mateus 21:28-31).
Pessoas sentem medo da rejeição. Por medo da rejeição elas não compartilham sua fé com seus amigos, colegas de trabalho, vizinhos. Elas não desejam que as pessoas se sintam constrangidas ao falar sobre questões pessoais, como religião. (Mateus 10:32-33).
Pessoas mornas são externalistas. Elas medem seu grau de moralidade ou “bondade” comparando-se com o mundo. Elas se sentem satisfeitas, porque mesmo não sendo tão dedicadas a Jesus quanto os radicais, também não são tão horríveis quanto aquele sujeito que mora no fim da rua. (Lucas 18:11-12).
Pessoas mornas têm Jesus apenas como um pedaço. Pessoas assim dizem amar Jesus, mas Ele é apenas parte da vida delas. Elas entregam apenas uma fração de seu tempo, de seu dinheiro, e de seus pensamentos, mas o Senhor não tem permissão para controlar a vida delas. (Lucas 9:57-62).
Pessoas mornas não são plenas. Elas até amam Deus, mas não o fazem de todo coração, de toda alma, com toda sua força. Elas dizem que tentam amar Deus dessa maneira, mas dizem que esse tipo entrega total não lhes é possível, que isso é coisa para pastores, missionários e fanáticos. (Mateus 22:37-38).
Pessoas mornas amam os outros, mas não procuram amá-los tanto quanto amam a si mesmos. Eles demonstram um amor raso e pautado em retribuição: só amam aqueles que os amam também. Sobra pouco ou nenhum amor àquele que não tem a capacidade de amá-los também, bem como àquelas pessoas que os desprezam. O amor dos mornos funcionam a base de conveniência e é extremamente seletivo. Apresenta-se envolto de amarras. (Mateus 5:43-47; Lucas 14:12-14).
Pessoas mornas servem a Deus e aos outros, mas não ultrapassam determinados limites em termos de tempo, dinheiro e da energia que estão dispostos a investir. (Lucas 18:21-25).
Pessoas mornas pensam muito na vida terrena com mais frequência do que na eternidade no céu. De vez em quando elas param e pensam na vida por vir. (Filipenses 3:18-20; Colossenses 3:2). C. S. Lewis escreve o seguinte, a respeito: Se você ler a história, descobrira que os cristãos que mais fizeram por este mundo presente foram justamente aqueles que pensavam mais no mundo por vir. A partir do momento em que os cristão apararam de pensar com frequência no outro mundo, eles se tornaram ineficazes neste.
Pessoas mornas são gratas pelas coisas luxuosas que possuem e pelo conforto que desfrutam, e raramente pensam em dar o máximo possível aos pobres. Muitas pessoas mornas se sentem “chamadas” para o ministério da prosperidade material; poucas, porém, se sentem “chamadas” para ministrar aos pobres. (Mateus 25:34-40; Isaías 58:6-7).
Pessoas mornas fazem o que julgar preciso para evitar o sentimento de culpa. Andam sempre na beirada, entre o que é pecado e o que glorifica a Deus. Fazem o mínimo necessário para serem vistas como pessoas suficientemente boas, sem haver muita cobrança e desgaste, delas. (1 Crônicas 29:14; Mateus 13:44-46).
Pessoas mornas são escravas do deus do controle total. Elas têm uma certa obsessão por segurança e por conta disso não estão dispostas a se arriscar nem se sacrificar por Deus. (1 Timóteo 6:17-18; Mateus 10:28).
Mornos se sentem seguros por irem à igreja, por terem feito uma profissão de fé ainda novo, por serem batizadas, por terem sido criadas em uma família cristã ou por votarem na direita. Assim como os profetas alertaram Israel de que a nação não estava a salvo apenas por estarem naquele lugar, da mesma forma não estamos salvos por apenas ostentar um título de cristão. (Mateus 7:21; Amós 6:1).
Pessoas mornas não vivem pela fé. Eles estruturam sua vida de maneira a não precisarem viver por fé. Como já foi dito acima, eles vivem de maneira sempre no limite, são extremamente preocupados com sua segurança, e acham que viver para Cristo verdadeira mente é coisa de fanático. Não precisam confiar em Deus, pois se a coisa aperta, elas têm um pé de meia que as livra. Não vivem na medida do que Deus quer, mas já mapearam e sistematizaram toda sua vida, com isso não dependem de Deus dia após dia. Na verdade a vida dessas pessoas não se alteraria em nada se de repente resolvessem não, mais, crer em Deus. (Lucas 12:16-21; Hebreus 11).
As pessoas mornas consideram sua vida parcialmente assépticas, um exemplo de santidade, mas não poderiam estar mais equivocadas. (Mateus 23:25-28).
Obviamente as características aqui dadas, não são abrangentes de forma a esgotar um perfeito perfil do que seria um cristão morno, mas com certeza serve de guia para examinar a si mesmo e poder também exortar seu irmão que se encontra nessas condições, pois a bíblia nos ensina a ajudarmos aquele que cai, exortarmos nossos irmãos, em amor, e estar sempre em comunhão.
Somos falhos, somos humanos, ninguém está livre de alguma vez se enquadrar em algum desses comportamentos descritos. Todavia existe uma enorme diferença entre uma vida caracterizada por essas condutas habituais e mentalidade enviesada sempre nesse sentido e aquela vida que está passando por um processo de mudança radical.